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Para ser feliz é preciso estar no tempo presente

John Douglas Pettigrew, neurocientista e professor de filosofia da Universidade de Queensland na Austrália, foi o primeiro cientista a teorizar sobre como o cérebro cria um mapa tridimensional do mundo.

De acordo com o pesquisador, o cérebro divide o mundo ao seu redor em duas zonas bem definidas: a peripessoal e a extrapessoal.

O espaço peripessoal engloba tudo o que está ao alcance imediato dos nossos braços, aquilo que podemos segurar com as mãos. Já o espaço extrapessoal inclui tudo o mais, todas as coisas que necessitam de movimento para serem alcançadas, tocadas ou experienciadas. Esse processo implica esforço, tempo e, muitas vezes, preparação.

O espaço peripessoal é considerado o espaço presente, aquele no qual conseguimos realizar as atividades na hora, como pegar objetos e comida. E quando focamos as atenções nas atividades presentes, liberamos várias substâncias químicas denominadas A&As que incluem a serotonina, a oxitocina e as endorfinas.

Diferentes da dopamina que reage ao novo, os compostos A&As liberam prazer por meio dos sentimentos e emoções como alegria, felicidade e empatia, e também sentimentos negativos como raiva e tristeza.

Uma maneira de cultivar a felicidade é concentrar-se no presente e nos momentos positivos que encontramos diariamente. Esteja atento às pequenas alegrias: ao entrar na sala de aula e ver os rostos animados; ao chegar em casa e encontrar o marido ou a esposa, os filhos e os animais de estimação; prazer de uma refeição deliciosa, sentar-se à frente da TV e assistir a uma série que você gosta.

A expressão “Carpe diem” ilustra bem e faz um alerta: a vida é breve e deve ser aproveitada intensamente a todo momento. O termo foi escrito pelo poeta romano Horácio (65 a.C. — 8 a.C.), no Livro I de “Odes”, em que aconselha a sua amiga Leuconói na frase: “carpe diem, quam minimum credula postero.” Uma tradução possível para a frase é “aproveite o dia de hoje e confie o mínimo possível no amanhã”.

Para aumentar os níveis dos compostos A&As, é preciso ter uma nutrição rica, mas sem exageros, em triptofano, encontrado nos peixes, laticínios, grão-de-bico, chocolate e mel; praticar exercícios físicos e beber água para equilibrar a flora intestinal. Atividade sexual, tomar sol e receber afeto também estimulam a produção destes hormônios.

O espaço extrapessoal abrange tudo o que está fora do alcance imediato de nossas mãos. É aquilo que desejamos, mas não possuímos de imediato. É nesses momentos que a dopamina, o hormônio da expectativa, entra em ação. O cérebro reage de maneira distinta ao que desejamos em comparação ao que já temos.

Segundo os acadêmicos e pesquisadores Daniel Z. Lieberman e Michael E. Long, da Universidade autores do livro “Dopamina, a Molécula do Desejo”, esse neurotransmissor não está relacionado ao prazer, mas sim à expectativa e à possibilidade de algo novo e melhor acontecer.

Em seu livro, os pesquisadores explicam que constantemente fazemos previsões sobre o futuro, desde o momento em que acordamos até a hora de dormir. Quando somos surpreendidos por um estímulo inesperado positivo, como a possibilidade de sair mais cedo, receber um presente ou elogio, a dopamina entra em ação.

Existem exceções, como quando somos surpreendidos ao abrir uma caixa ou encontrar algo inesperado. Nesses momentos, a dopamina, o hormônio da expectativa, entre em voga, mesmo no espaço peripessoal.

 

A negativa e a escassez também liberam dopamina. Quando dizemos para uma criança que não é para pela pegar determinado objeto sem uma devida explicação, a tendência é que a curiosidade libere uma dose significativa de dopamina em um cérebro que ainda não está maduro para racionalizar a questão. O ideal é sempre explicar o motivo da negativa.

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